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Resenha Remix - Senhores de Sombra e Prata
Antes de ler, verifique se não se apaixonou por um elfo perigosamente predatório e capaz de abrir suas tripas com as garras dos pés.
A duologia “Senhores de Sombra e Prata” é um exemplo do melhor do que a literatura independente nacional é capaz de produzir. A obra, de Arthur Malvavisco, foi lançada em formato digital na Amazon e posteriormente publicada pela Editora Corvus através de campanhas de financiamento coletivo.
A trama principal gira em torno de dois personagens: Andras e Aeselir. Eles são muito diferentes, quase antitéticos, mas são compelidos a unir forças, por isso, ao longo da história, aprendem a respeitar-se e admirar-se. É uma estrutura narrativa que eu adoro ler e curiosamente está presente tanto em romances românticos quanto em filmes policiais. Malvavisco executa essa trama com maestria!
Na narrativa, os mundos gêmeos de Solária e Ilúria são insólitos e misteriosos, com sociedades belicosas e autoritárias, religiões opressivas e magia selvagem e perigosa. Os povos encontram-se separados por uma espécie de barreira mágica letal chamada Umbral, mas, no passado, havia uma maneira de atravessar de um mundo a outro, que os ilurianos utilizavam para lançar campanhas de conquista contra os solarianos, que deu início a uma longa história de agressões mútuas. Com a passagem barrada, os ilurianos em Solária se viram em desvantagem, alvos de perseguição e tortura. Um belo palco para uma fantasia sombria.
A duologia tem como grande ponto forte o relacionamento entre os dois protagonistas, Andras, um médico ostracizado pelo seu conhecimento científico, visto como estranho, até blasfemo, pelas pessoas ao seu redor e dono de um dom perigoso para a magia do Umbral e Aeselir, ex-senhor da guerra iluriano, responsável por inúmeros crimes brutais e portador de cicatrizes físicas e emocionais que o marcam profundamente. A dinâmica dos dois é bem construída e envolvente, com uma relação que evolui ao longo da narrativa através da sobreposição das visões desses personagens tão distintos, mas que encontram refúgio um no outro quando o mundo inteiro vê ambos como párias. No volume um, “Lebre da Madrugada”, temos acesso a flashbacks que revelam a vida de Andras, enquanto a história trágica de Aeselir é mais explorada do volume dois, “Príncipe Partido”.
O romance entre os protagonistas é bem trabalhado, mesmo enquanto eles lidam com questões delicadas, como o passado macabro de Aeselir, a necessidade de sobreviver em um mundo que rejeita ambos e os planos da Vigília: organização que, em nome de proteger o mundo contra os ilurianos, comete atrocidades ainda piores.
Também destaco o sistema de magia do livro, que é rico e funciona muito bem para avançar a narrativa. Duas pessoas são necessárias para empregar a magia do Umbral, um Andarilho e um Feiticeiro, cada qual com seu papel. Essa limitação gera momentos interessantes de conflito e é muito bem explorada na construção de mundo.
A escrita de Arthur é meticulosa e agradável. Seu vocabulário é amplo, sem ser prolixo. E por ser uma história que se passa, em grande parte, em ambientes selvagens, esse vocabulário contribui para a imersão do leitor, ao referir-se corretamente à flora, fauna e elementos geográficos. A formação do autor em biologia foi muito bem aproveitada nessas descrições.
Senhores de Sombra e Prata é leitura obrigatória para fãs da literatura fantástica nacional. Infelizmente, a Corvus encerrou as atividades, e, salvo a possibilidade de ainda haver estoque remanescente da obra, a melhor forma de consumi-la hoje é adquirindo os e-books, algo que você deveria fazer imediatamente, acessando esse link: duologia Senhores de Sombra e Prata.
Revisão: Denize Gaspar
Lembre que a seção de comentários fica aberta, e adoraríamos ouvir suas opiniões sobre o artigo! Você lê fantasia sombria? Já conhecia Senhores de Sombra e Prata?
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