Leituras que marcaram a infância

Antes de ler, verifique se você já incentivou uma criança que você conhece a ler.

mosaico formado com as capas dos livros O mundo de sofia, sozinha no mundo, Tecelina, a cor da magia e uma foto de vários exemplares de gibis da turma da mônica espalhados

Ah, a infância… quando tudo é novidade e, portanto, intenso. Depois que passa, a gente tende a achá-la maravilhosa, mas a verdade é que, enquanto durou, nós tínhamos anseios e preocupações como qualquer pessoa em qualquer fase da vida. Mas, para aqueles de nós que tinham a leitura, havia sempre um refúgio. Nunca é tarde para se descobrir o prazer dos livros, mas existe algo mágico em passar a infância dentro deles. Nesse mês das crianças, nossas VALquírias recomendam histórias que as colocaram no caminho da leitura.

Capa do livro “Sozinha no mundo”, de Marcos Rey. Fundo marrom com uma ilustração dentro de um retângulo. Em primeiro plano, uma criança abraçada a um leopardo de pelúcia antropomorfizado. Em segundo plano, uma cidade em tons predominantes de laranja.

Sozinha no Mundo – Marcos Rey

Roger: Quando criança, toda terça, meu pai ia na feirinha do bairro e tinha o costume de passar numa barraquinha que funcionava como sebo e me trazer livros e quadrinhos dos mais variados. “Sozinha no Mundo” é da Coleção Vaga-lume e foi um dos meus favoritos na época (exemplar que guardo até hoje, vinte anos depois). Não era uma aventura propriamente dita, era muito mais um drama. Conta a história de Pimpa, uma criança que foge da assistência social após não ter mais nenhum familiar, e vai em busca de seu tio, em algum lugar do país. Ela precisa dormir na rua e enfrenta as dificuldades que crianças em situação de rua precisam passar, e todos os riscos iminentes. Não me lembro tanto do livro quanto gostaria, mas me marcou. A empatia que sentia pela menina e todos os pensamentos que eu, uma criança, tive com relação às pessoas naquela situação mexeram comigo. Foi, pelo que eu me lembro, meu primeiro momento de me colocar no lugar de outro, me imaginar em situação parecida. Fiquei com o coração apertado em todas as cenas difíceis e relaxei nos momentos de alegria da protagonista. Era um ótimo livro, de fato.

Capa do livro “O mundo de Sofia: Romance da história da filosofia”, de Jostein Gaarder, publicado pela Cia das Letras. O fundo é um céu azul estrelado. Em primeiro plano, ao centro, estão alguns cartões postais antigos, um par de óculos, uma caneta-tinteiro e um relógio de bolso.

O Mundo de Sofia – Jostein Gaarder

Luiz: Minha tia me deu esse livro quando eu tinha mais ou menos uns 12 anos. É basicamente um curso de filosofia por cartas, enviadas para a personagem principal. O livro desenrola toda a história da filosofia ocidental, de Aristóteles a Darwin. A luta dos personagens contra quem está lendo o livro foi uma das coisas que mais me impressionou. Provavelmente pessoas interessadas em filosofia gostariam muito desse livro.

Capa do livro “Tecelina”, de Gláucia de Souza, com ilustrações de Cristina Biazetto. Ao centro, há a ilustração de uma menina ruiva de cabelo trançado. O fundo simula um tecido verde-limão feito de lã.

Tecelina – Gláucia de Souza

Ana: Acho que "Tecelina" marcou a mudança entre "eu leio porque mandaram a gente ir na biblioteca e pegar um livro pra fazer trabalho" e "eu leio porque eu gosto de ler". O livro começa com uma família de Gertrudes, todas costureiras. É uma sucessão de "é uma menina! Ela é a cara da mãe! Vamos chamá-la de Gertrudes!" por váaaaaarias gerações. (Me marcou tanto que quando ganhamos uma tartaruga de pelúcia eu dei o nome dela de Gertrudes). E elas vão recebendo apelidos e diminutivos: Gertrudes, Tude, Tudinha. Até que chegamos em uma Gertrudes que não sabe costurar. "Ela tenta costurar uma bolsa e parece um casaco, tenta fazer um casaco e parece um cachecol, tenta fazer um cachecol e parece um jacaré". E, por não saber costurar, essa Gerturdes vira a rompedora de tradições da família, chama sua filha de Tecelina, e, a partir daí, o livro narra coisas sobre a vida de Tecelina. Depois desse ponto eu não lembro de quase nada, apenas vibes sonhadoras e poéticas, mas, em minha defesa, eu li aos 9 anos. Acho que eu me vi na Gertrudes diferentona, e a partir daí eu estava fisgada.

capa de A cor da magia, da coleção discworld, de Terry Pratchett. A capa é coberta por uma ilustração maximalista imitando um estilo entre realista e bizarro, mostrando uma cena de ação e confusão geral que inclui uma bagagem com muitas perninhas humanas atropelando alguém, um grupo de não humanos segurando machados e várias pessoas aglomeradas no fundo.

A Cor da Magia – Terry Pratchett

Marcelo: Uma tia viu a capa divertida e colorida e o título que remetia a algo no estilo de Harry Potter e comprou de presente para mim. Ela estava muito enganada, e eu fui muito feliz por isso. A Cor da Magia abre o Discworld, universo de fantasia e humor de Pratchett, com a história do mago fracassado Rincewind e seu companheiro turista Duasflor desafiando criminosos, dragões e deuses simplesmente por serem atrapalhados demais em um mundo completamente maluco e absurdamente encantador.

Foto de seis gibis da Turma da Mônica dispostos em duas fileiras: quatro almanaques em cima; dois especiais de Natal em baixo.

Gibis Turma da Mônica – Mauricio de Sousa

Denize: Eu sempre gostei de histórias fáceis, que não exigissem elaborada compreensão sobre o mundo e seus funcionamentos, em que o foco fosse os personagens, seus sentimentos, dúvidas e questões relacionadas ao ser humano. E era isso que eu encontrava nos gibis: histórias simples em que havia identificação com as demandas dos personagens, birras infantis, brigas que iniciavam e terminavam sem maiores problemas e a possibilidade de acreditar que tudo é possível e de fazer acontecer até onde a realidade permite. O acesso fácil e a identificação com os personagens, além de ser umaleitura simples e adequada para a idade que eu tinha, foram imprescindíveis para o interesse e a continuidade da leitura. Acredito que sejam questões necessárias para a identificação com a literatura em qualquer momento da vida. Especialmente na Turma da Mônica, a riqueza da pluralidade de personagens é o que permite que qualquer criança se identifique, não apenas fisicamente, mas com personalidades diversas também.

Revisão: Davi Dallariva

Essas foram nossas recomendações. Você pode dizer quais delas te chamaram a atenção, e deixar comentários sobre os livros que marcaram a sua infância!

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