Recomendações mistas para te trazer um quentinho no coração

Antes de ler, verifique se escolheu um assento confortável e uma bebida de sua preferência.

Colagem feita com as capas dos livros A história sem fim, Aliança de sangue e honra, the overstory, a casa no mar cerúleo e o auto da maga josefa dispostos em linhas diagonais.

Leitura-conforto, filme-conforto, comida-conforto… são conceitos difíceis de definir. Você assiste àquele filme de novo e de novo porque ele é familiar, ou ele é familiar porque você assiste a ele de novo e de novo? Para algumas pessoas, o conforto está em personagens queridos; para outras, na certeza de uma reação emocional; no mundo dos livros, pode ser aquele que a gente sabe que vai nos tirar de uma ressaca literária.

Hoje a equipe da VAL decidiu compartilhar algumas das suas leituras de conforto, e adoraríamos conhecer as suas nos comentários!

Capa de A História Sem fim, de Michael Ende. A capa tem fundo vermelho escuro, com um quadrado vermelho claro contendo uma ilustração estilizada e simples de duas serpentes, uma mordendo o rabo da outra, com o título da obra no centro.

A história sem fim - Michael Ende

Luiz: Bastian e sua jornada em fantasia, no livro “História Sem Fim”, gostoso demais. Adoro o jeito com que fizeram para diferenciar as narrativas (dentro e fora do livro que o protagonista está lendo), usando cores. O arco do personagem é incrível e absolutamente surpreendente. Foi o primeiro livro que li, ele é emocionante de verdade. Eu poderia falar e falar e falar sobre “História Sem Fim”, mas… apenas leia. Confia, é excelente!

Capa de O auto da Maga Josefa, de Paola Siviero. A capa é ilustrada, com elementos como Deus, o diabo, um lagarto, um lobo, uma sereia, um homem a cavalo e uma mulher voando em um galho de árvore.

O auto da maga Josefa - Paola Siviero

Denize: É a história de um caçador de “criaturas do mal” que, junto de uma maga (filha do sete-pele), viaja pelo sertão brasileiro enfrentando dragão, lobisomem, chupa-cabra e outras coisas mais inesperadas, como uma vampira. Um dos personagens principais, o Toninho, me fez gargalhar o livro todo, ele é tipicamente brasileiro, e a proposta que a Paola traz é extremamente bem-executada, cativando qualquer leitor. Ela introduz a obra dizendo que fez justamente o que uma roda de amigos disse ser impossível: trazer criaturas como vampiros e lobisomens para o Brasil, em uma história que fosse cheia das nossas características. A relação dos personagens com todo o meio é tão íntima e natural que faz com que o leitor acredite em todas as aparições do texto e fique preocupado com o caminho que sua alma vai tomar na morte.

Capa de A casa no mar cerúleo, de TJ Klune. A capa é ilustrada em cores vibrantes, mostrando um penhasco que se inclina sobre o mar, com uma casa encarapitada no topo.

A casa no Mar Cerúleo - T J Klune

Júlia: Linus Baker me pareceu uma pessoa bem insuportável logo nas primeiras páginas de “A Casa no Mar Cerúleo”. Alguém que vivia uma vida cinza, sem graça, e que não parecia se importar com nada além do seu trabalho. Demorou menos de um capítulo para que eu percebesse como estava errada em meu julgamento. Linus não era insuportável. Era, na verdade, alguém que não sabia “ser”. Alguém que tinha se acomodado ao conhecido, porque o mundo pode ser um lugar bastante assustador. Acompanhando-o à visita à tal casa no mar cerúleo, conheci outro Linus. Um Linus que se importa, e até demais, com as pessoas ao seu redor. Um Linus que nem sempre encontra as palavras certas no momento que precisa, e que não se acha lá grandes coisas. Junto com ele, lembrei que podemos mudar de caminho. Que podemos ser mais do que aquilo que éramos ontem, e bem mais do que qualquer coisa que os outros esperam de nós. Eu lembrei que não se trata de nunca errar, mas de seguir em frente apesar dos erros. “A Casa no Mar Cerúleo” é a minha leitura de conforto, porque essa é uma história que me faz lembrar que está tudo bem sermos do jeito que somos. 

Capa de Os perigos de fumar na cama, da MAriana Henriquez. O fundo é ciano, contrastando com a ilustração em tons de vermelho e laranja de uma mão com unhas compridas segurando a cabeça de uma mulher de cabelo comprido chorando.

Os perigos de fumar na cama - Mariana Enriquez

Marcelo: É terror, mas é genuinamente latino-americano, bem-escrito e curtinho, leitura super legal para entender como o terror pode ser, de certo modo, aconchegante. Mariana aproxima o insólito do cotidiano, conferindo a algumas situações que seriam trágicas, perturbadoras ou aterrorizantes, na pura realidade crua, um aspecto fantasioso que nos permite encará-las com alguma segurança, e lidar com esses temas de modo lúdico, apesar do, ou por causa do, desconforto que provocam. 

Capa de The overstory, de Richard Powers. A capa tem tons sóbrios, e mostra uma floresta. Há um adesivo declarando que o livro foi vencedor do prêmio Pulitzer.

The Overstory - Richard Powers

Roberto: Difícil explicar o porquê da indicação de uma obra de conforto.

Já observei, inclusive, que esse livro está longe de ser um consenso entre os leitores.

O que me liga a “The Overstory”, creio que sejam elementos mais subjetivos: a fluidez quase poética da prosa, que nos faz mergulhar por inteiro numa história que narra a vida de diversos protagonistas, todos sempre conectados com uma árvore em particular.

É uma história sobre o amor à natureza, sobre as coisas que estão na nossa frente, mas falhamos em compreender (como a linguagem das árvores), e sobre a fragilidade — e risco de colapso iminente — desta sociedade que criamos.

Não tem como ser mais atual.

Capa de Aliança de Sangue e Honra, da Gabi R M Moura. A capa tem um fundo escuro, com o que parecem ser detalhes arquitetônicos de um préio clássico em preto, e uma mancha sutil cor de vinho sobre a qual está o título. Ao redor há detalhes dourados, como anéis e uma arma.

Aliança de Sangue e Honra - Gabi Moura

Ícaro: Quase coloquei algo do Riordan aqui (entre “Filho de Netuno” e “As Crônicas de Kane”), porque a memória afetiva pega, mas resolvi colocar outro tipo de conforto que já mereceu minhas releituras. Pode ser estranho, já que o livro envolve máfias, câncer mágico, casamento arranjado com muita mágoa entre os dois protagonistas, mortes e ameaças e traições… Mas, ah, cara, não dá, Cecília e Calisto são tão fofos! E aqueles flashbacks das infâncias deles, então? Dá vontade de colocar esse casal num potinho e tirá-los daquele mundo feio, serião!

Revisão: Mile Cantuária

E você? Já leu algum desses? Achou uma leitura reconfortante? Aproveite os comentários para deixar suas próprias recomendações de leituras-conforto!

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